- E
eu lá preciso destas tuas moedinhas sem vergonha? Pode enfiar no cu
ooo muquirana duma figa. Eu não preciso dessas
porcaria, não. Não sou retardado que nem vocês. Eu
me basto! A gente aqui se basta! Não precisamos delas, nem
desse monte de bobagem que vocês dão tanto valor: carrão,
motão, ifone, ifode...pfuu. Tudo bosta, coisa
de retardado que não tem mais nada na vida. E digo mais,
vocês parecem tudo uns imbecil caminhando por
aí com a cara colada nessas tela,
se batendo e tropeçando uns nos otro.
Vê
se eu posso com esses tipo? Baita otário. Esses dias, um imbecil
destes veio brigar comigo por causa dum risco que ele fez no carro
sabe-se-lá-onde. Ameaçou matar eu e o Platão por causa de uma
porcaria dum risco na lataria. Olha bem se pode uma coisa dessas?
Fiquei sem reação primeiro, não podia que eu tava ouvindo aquilo,
mas logo respondi que achava bem justo ele tentar. Só que tinha que
ser na faca, eu e ele, pra desfazer um agravo tão sério como aquele
na lataria. Advinha se ele topou?
Claro
que não! Disse que ia chamar a polícia, o comissário, o batman e
sei lá mais quem. Mas acho que ele se deu conta da burrada que tava
fazendo e desistiu. Ou não também, daqui um pouco só ficou com
preguiça e não quis mais se incomodar, vai saber… O certo é que
era outro retardado desses dando um baita valor prumas coisa que não
tem cabimento. Coisa que não se sustenta depois de dois minutos de
reflexão. E pior que não é muito difícil fazer isso, não. É só
para um poquinho, respirar fundo e avaliar tuas prioridades na vida.
Tu
quer vê outro caso que não entendo? Cansei de vê gente cruzando o
viaduto do Açorianos no fim de tarde que se depara com aquele céu
de baunilha, aquele que vai pintando o horizonte pras banda do
Guaíba, sabe? É, então. E tem gente que em vez de admirar e curtir
aquilo, saca um destes celular do bolso e faz um retrato do céu sem
nem parar de caminhar. Agora tu me diz, de que que vale aquele
retrato guardado de revesgueio no celular? Hein? Não consigo
entender o sentido daquilo.
Eu
não guardo nada no celular, até porque não tenho estas traquitana.
Se acho bonito eu paro no meio do viaduto mesmo, me debruço na
mureta e curto aquele momento até o fim, até a noite tomar conta do
céu e começar a esfriar. Fico ali, sentindo toda aquela mudança no
ar, na pele, no corpo mesmo, saca? Não sei se eles chegam a olhar
depois no telefone, mas duvido muito que seja melhor do que na hora
que a coisa tá acontecendo. Ah, duvido…
Mas
eu não tenho pena nem raiva desses jaguara, não. Por mim eles
podiam tudo se mata de amor por seus carro enquanto registram tudo
nos seus celular sem olhar pra frente. Desde que não torrassem a
nossa paciência com essas suas mesquinharia.
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Advertência: Leia em voz alta.

