sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A Queda


Bastou apenas um erro,
um instante de desmedida confiança.
Para que a incontornável força da gravidade
exercesse todo o meu peso sobre mim.

Sob o mesmo impulso,
outro titã da física se impôs.
Impedindo-me de voltar ou desfazer,
o ato registrado e consumado pelo tempo.

E com a mesma rigidez costumaz,
ele se aplicou na sequência do evento.
Não houve espaço para flutuações ou suspensões,
apenas para a brusca queda imediata.

Porém a mente é tão rápida quanto à física.
E mesmo diante do inesperado,
é capaz de formular com precisão,
pelo menos uma constatação.

Morri. Lembro-me de ter pensado
antes de atravessar toldos e varais.
Mas ao contrário do esperado,
entre roupas e xaxins, eu havia sobrevivido.

Penso nas probabilidades da situação,
nos seus potenciais desfechos trágicos.
E agradeço pelos imponderáveis em questão,
pelas improváveis e impossíveis conclusões.